O ser humano é um filho peculiar. Enquanto alguns arrancam, cavam e queimam em nome do seu tão precioso "progresso", outros entregam seu tempo e energia para proteger sua querida Mãe Natureza. Assim o faz um grupo de jovens apaixonados pela natureza, na Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul.
O curta-metragem "Filhos da Mãe Natureza" conta um pouco sobre o trabalho do Projeto Dispersar, como é a sua lida de campo e quais são as suas motivações, mostrando o exuberante cenário dos nossos fragmentos florestais em contraste com as áreas demarcadas pelo homem.
Borralhara (Mackenziaena severa) | Tangará (Chiroxiphia caudata) | Saí-andorinha (Tersina viridis)
Capturar a essência do que é a conservação ambiental em nossa região, através do audiovisual, é um desafio por muitos motivos. Primeiro, porque estamos acostumados a ver a natureza em documentários e filmes através do olhar estrangeiro, exibindo cenários e animais exóticos. Sabemos mais sobre a savana africana do que sobre a fauna do nosso quintal. A nossa região, no entanto, é riquíssima em tantos aspectos, mas é quase sempre lembrada pelos mesmos clichês. Somos sim "terra de imigrantes", da agricultura e do trabalho, contudo, antes disso, somos o lar de milhares de espécies animais e vegetais. Possuímos uma geografia única dividida com povos originários que lutam para não sucumbir ao esquecimento.
O segundo problema se dá pela fragmentação dos nossos espaços naturais. A experiência de produzir um filme em nossa região se assemelha à reconstituição ou restauração do que uma vez foi a nossa natureza. Nosso esforço precisa ser o de olhar para a nossa região e apreciar as coisas que subestimamos, mostrar ao mundo (e também para nossa própria comunidade) o valor daquilo que vemos todos os dias, mas que não percebemos o quão maravilhoso é.
Gabriel Brutti | Ademir Fick | Débora Kunzler | Airton Schubert
O desafio, no entanto, precisa ser encarado. Uma pessoa leiga enfrenta diversas dificuldades para iniciar na jornada pela conservação ambiental: onde ela pode observar a fauna e a flora? Na estrada? Em uma propriedade privada? Com quem falar? Como identificar as espécies? Como ser um agente de preservação? É nesse ponto que fica evidente a importância dos nossos guias na jornada pela reconexão com a natureza - e este trabalho precisa ser divulgado.
Para finalizar, gostaria de convidar todos vocês a assistirem o curta-metragem e tirar um dia de descanso para sair da cidade. Procure um fragmento florestal ou, se possível, uma trilha. Feche os olhos e, em silêncio, sinta tudo que está ao seu redor por alguns minutos, enquanto reflete na frase de Henry Thoreau, em sua obra “Walden”:
“Não pode existir melancolia tão profunda para quem vive no meio da Natureza e ainda dispõe de seus sentidos.”
Créditos:
Dirigido e produzido por Mikael Holz
Projeto Dispersar: Gabriel Brutti, Ademir Fick, Débora Kunzler, Airton Schubert, Mikael Holz
Revisão textual: Raissa Rith
Captação de drone: Djone Meinertz
Trilha sonora:
Brian Bolger: First Dream
Godmode: Whole Tone Limbo
© Chris Zabriskie: 18 Short Song 012623
Amulets: Length of Light
Density & Time: FIVE OF A KIND
